Thereza Blota

Seu Jorge: A versátil e talentosa trajetória de um artista brasileiro

Seu Jorge: A versátil e talentosa trajetória de um artista brasileiro

Nosso Jorge

Sua voz é inconfundível, timbre deliciosamente grave que passeia com facilidade até as notas mais agudas e precisas, dando inveja aos mais estudiosos peritos do cantar. Seu estilo é único, porque não tem pretensão nenhuma de ser. Simplesmente é.

Pra completar, é multi-instrumentista e ator. Senhoras e senhores, com vocês Jorge Mário da Silva, hoje aclamado e popularmente conhecido como Seu Jorge.


Nascido em 8 de junho de 1970, em uma comunidade de Belfort Roxo, no bairro Gogó da Ema, Rio de Janeiro, ele é o mais novo entre quatro irmãos homens, e teve uma infância difícil. Já trabalhava em uma borracharia aos 10 anos, e acumulou vários empregos ainda criança.


Apaixonado por música desde cedo, frequentava as rodas de samba e os bailes cariocas, e já mostrava na noite o enorme talento que vem de família. Afinal, o cantor é sobrinho de Jovelina Pérola Negra e primo do sambista Dudu Nobre.

Quem hoje vê o sucesso estrondoso de Seu Jorge, não imagina as dificuldades que encontrou antes do estrelato: Perdeu seu irmão numa chacina, foi morador de rua, cantava aqui e ali para ganhar algum sustento.


Sua primeira oportunidade veio com o musical A Saga da Farinha, do diretor Gabriel Moura. Por não ter onde ficar, dormia no próprio teatro onde se apresentava, e além de um grande cantor, revelou-se também um excelente ator.

O apelido carinhoso foi dado pelo baterista Marcelo Yuka (1965-2019), fundador d‘O Rappa, com quem Seu Jorge fez parte da banda Farofa Carioca, trampolim para outros muitos sucessos que viriam a seguir.

Em 2001, Seu Jorge lançou seu primeiro disco solo, Samba Esporte Fino, mostrando o carisma e o talento que se tornariam marcas registradas na vasta discografia que encantou gregos e troianos nos anos seguintes, com destaque para Ana & Jorge, de 2005, gravado com a amiga Ana Carolina, e Músicas para Churrasco I, que ganhou o prêmio de Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro no Grammy Latino.


Sete anos depois, o cantor participou da cerimônia de encerramento das Olimpíadas de Londres, cantando Wilson Simonal e Gilberto Gil: Histórico!

No cinema seu êxito não foi diferente: participou de filmes consagrados como Cidade de Deus (2002), Tropa de Elite 2 – o Inimigo Agora é Outro (2010) e, mais recentemente, Marighella (2021), onde o artista brilha como protagonista.

Em seu último trabalho, Medida Provisória, dirigido por Lázaro Ramos, seu Jorge interpreta o jornalista André. Mas este é um tema para outra matéria.

Uma coisa é certa: seja para ver ou ouvir, ele sempre surpreende! E a gente agradece!










Por Thereza Blota 15 abr., 2022
Linda, cheia de charme, com um vozeirão de deixar qualquer crítico musical de queixo caído
Por Thereza Blota 15 abr., 2022
Elza Soares
Por Thereza Blota 23 set., 2021
Como muitos já sabem, o título desta matéria faz alusão ao apelido dado por Jorge Benjor em sua música W/Brasil, ao seu amigo e gigante Sebastião Rodrigues Maia o nosso saudoso Tim Maia. Carioca da Tijuca nascido em 29 de setembro de 1942, Maia era cantor, compositor, empresário, multi-instrumentista, maestro e grande responsável por tornar o soul, o funk e o R&B mais conhecidos no Brasil. Com tessitura vocal baixo-barítono, voz grave, potente, e inconfundível, Tim Maia deu seus primeiros passos na música aos 14 anos como percussionista, quando criou o Grupo Os Tijucanos do Ritmo, que duraria apenas 1 ano, mas que serviria de combustível para o trabalho seguinte. Em 1957, fundou o grupo The Sputniks (nessa época ainda conhecido como Tião Maia), em que um dos membros era seu parceiro e amigo, o Rei Roberto Carlos. Dois anos depois, foi para os EUA conhecer de perto a black music e o soul. Já de volta ao Brasil em 1970, gravou seu primeiro LP, Tim Maia, que emplacou vários sucessos que dispensam apresentações, como Azul da Cor do Mar, Primavera e Eu amo você. Um ano depois, nos coroou com o hino Não Quero Dinheiro, Só Quero Amar, e outras pérolas como Não Vou Ficar e Preciso Aprender a Ser Só. Cinco anos mais tarde, Tim se filiou à seita Universo em Desencanto, e lançou a mística Rational Culture. Com um gênio forte e uma personalidade marcante regada ao uso de drogas, Tim Maia frequentemente criava polêmicas e atritos com empresários, produtores e gravadoras. Por esse motivo, fundou sua própria gravadora, a Seroma (amores ao contrário), que mais tarde se tornou a conhecida Vitória Régia. Vieram então mais tiros certeiros, como Descobridor dos Sete Mares, Que Beleza, e a clássica Me dê Motivo. Por nunca ter largado o consumo de álcool e drogas, muitas vezes não comparecia à shows e entrevistas, o que passava a ser um problema para contratantes e produtoras musicais. Sem contar as reclamações constantes nos ensaios por parte de Tim, o que se tornou sua marca registrada. A frase Mais retorno, virou um clássico pedido antes dos shows e até durante as apresentações. Tim Maia faleceu em 15 de março de 1998, aos 55 anos, mas seus hits seguem atuais como nunca, e sua vida já virou musical, documentário e até filme. Nada mais merecido, para um talento e carisma dessa potência. Saudades do nosso eterno Síndico do Brasil!
Por Thereza Blota 22 set., 2021
Sem sombra de dúvidas, um dos maiores presentes que os amantes da música já ganharam em 2021 foi o lançamento da banda Silk Sonic , composta pelo cantor, produtor e baterista Anderson .Paak e pelo fenômeno Bruno Mars, que dispensa apresentações. Parece incrível que uma banda tão afinada tenha surgido durante a quarentena, com atitudes soul e pitadas de funk, mergulhadas em um delicioso R&B. Mas este entrosamento é facilmente explicável: os dois integrantes se conhecem desde 2017 e já realizaram uma turnê juntos, quando .Paak abriu para Mars a famosa 24K Magic , nascendo dali, uma sólida amizade e semelhanças musicais: "Eu e .Paak falávamos muito sobre as músicas da nossa infância, que nossos pais colocavam para tocar, e trocávamos indicações. E quando ouvimos essas músicas antigas, é o que faz a gente se identificar tanto". O comandante do projeto é o próprio Mars , (conhecido por misturar o melhor da música negra americana à música latina), e que assina a produção com D'Mile , filho do renomado vocalista haitiano Yanick Etienne , que trabalhou com nomes como Bryan Ferry e Roxy Music , nos anos 1980. Após 4 anos sem lançar um novo álbum, ressurge com o hit Leave the Door Open . A canção, destaque do álbum An Evening With Silk Sonic , é sucesso absoluto em todas a plataformas de streaming, e já soma mais de 2 bilhões de visualizações somente no YouTube , alcançando o #1 na parada Billboard Hot 100. O clipe mistura suavidade e maturidade musical, com vozes que flertam com a perfeição, em um ambiente retrô e sem sair do tom, com fina roupagem dos anos 1970. Os vocalizes precisos colocados delicadamente em pontos estratégicos de suas músicas, típicos de Bruno Mars , misturados aos grooves de bateria de .Paak , dão o tom certo para o trabalho. Se a primeira canção já viralizou, aguardemos os próximos tiros de Silk Sonic . Certamente uma banda que já marcou seu território na música mundial, e não pretende sair de cena tão cedo. Sorte nossa! 
Por Thereza Blota 22 set., 2021
Ela é multi-instrumentista, toca baixo, percussão, violão e guitarra, e para completar, escreve lindas e premiadas canções desde os 7 anos. Reconhecida como uma das maiores vozes e referências do R&B contemporâneo, seus feats hoje são cobiçados por grandes nomes da música. Estamos falando de Gabriella Sarmiento Wilson, mundialmente conhecida como H.E.R, abreviação de Having Everything Revealed (ou Tendo Tudo Revelado, numa tradução livre para o português), uma cantora norte-americana de timbre suave, mesclado na medida exata com uma voz típica dos corais da música gospel. Filha de pai americano e mãe filipina, a cantora de sucessos como Hard Place, Focus e Best Part começou a ser notada como menina prodígio da música ao fazer um cover arrebatador de Alicia Keys ao piano, no famoso programa de TV Today Night Show. Aos 14 anos, lançou profissionalmente seu primeiro single, Something to Prove, pela gravadora Sony Music, com grande reconhecimento por parte da mídia e do público. Mas o grande divisor de águas na carreira da nova voz do R&B veio com o lançamento do EP H.E.R. Vol. 1, que lhe rendeu elogios da crítica especializada, com a faixa Loosing, lançada pela RCA Records. Após diversas premiações de peso, em 2021 H.E.R venceu o Grammy Awards de Música do Ano com o hino I Can't Breathe, canção escrita para o movimento Black Lives Matter, tristemente inspirada na última frase dita por George Floyd antes de morrer. E numa prova de que este é mesmo o seu ano, ela também venceu o Oscar de Melhor Canção Original pelo filme Judas, O Messias Negro, com a marcante Fight for You. Seu trabalho mais recente, Come Through, lançado em abril, já conta com mais de 10 milhões de views só no YouTube. A música tem a participação do rapper Chris Brown, que viaja ao lado de H.E.R numa levada sensual e marcante. Não é a primeira vez que os dois lançam algo juntos, já que H.E.R também havia sido convidada pelo cantor para uma participação na famosa Come Together, em 2019. O que mais esta menina de 24 anos ainda tem para nos revelar nos próximos anos? Só o tempo dirá.
Por Thereza Blota 22 set., 2021
Que atire a primeira pedra, quem nunca se descabelou numa festa, show ou até mesmo num baile de formatura ao som de I Got You, mais conhecida como I Feel Good, o famoso hit de James Brown. Presente como um dos artistas mais importantes da história da música, o dono deste hit e de tantos outros, James Joseph Brown Jr., ou Mr. Dynamite como queiram, fez uma verdadeira revolução no R&B, Soul e Funk. Nascido em 3 de maio de 1933, em Barnwell (Carolina do Sul, EUA), o homem de muitos apelidos como Soul Brother Number One, Sex Machine, The Hardest Working Man in Show Business, The King of Funky, além de cantor era também dançarino, compositor, produtor musical e multi-instrumentista. Se por um lado foi abençoado por múltiplos talentos, por outro teve uma infância marcada por situação de extrema pobreza. Viveu e cresceu nas ruas de Augusta, na Georgia, onde foi deixado na casa de sua tia por seu pai, aos 6 anos. Engraxou sapatos, recolheu carvão nas ferrovias, lavou carros e louças, cantou em concursos. Dono de uma voz potente, e de um timbre raríssimo e rasgado, seu brilho vocal sempre foi inconfundível. Ironicamente, vivia em qualquer esquina, onde não facilmente se encontrará um tipo raro de voz como o seu, o chamado tenor lírico-spinto. Mais claramente, um tipo raro de voz masculina, onde se predominam vozes mais agudas, e portanto, diferenciado. James Brown foi preso aos 16 anos, por assalto à mão armada, e foi justamente no reformatório que foi descoberto pelo cantor, compositor e produtor musical Bob Byrd, que o ajudou a sair de lá. A partir dali, Brown resolveu focar naquela que o transformaria em um ícone mundial: a música. Com Bob, entrou para o grupo gospel Starlighters, depois conhecido como Famous Flames. Os singles Please, please, please (1956), e Try Me (1958), foram sucessos arrebatadores. Este último fugiria do gênero gospel com enorme sucesso. Mas James Brown se firmaria definitivamente no cenário do R&B, com o concerto que viraria disco no ano seguinte: Living the Apollo. I've Got Money foi o carro chefe, coroado por 14 meses seguidos nas paradas de sucesso. Finalmente, em 1964, o mundo conheceria as icônicas I Got You e também Papas Got a Brand New Bag - esta, a canção seminal do gênero que conhecemos como funk. E não parou mais: vieram Say It Loud, I'm Black and I'm Proud (1968), Sex Machine (1970), The Payback (1974), Papa Don't Take No Mess e Body Heart, entre outros sucessos marcantes. James Brown faleceu em Atlanta (EUA), em 25 de dezembro de 2006, de ataque cardíaco. Mas sua música segue viva, eternizada no mundo todo. O mesmo mundo que ele colocou para dançar.
Por Thereza Blota 22 set., 2021
Dona de um timbre de voz inconfundível e suave, misturado à tristeza e à melancolia, retrato de sua própria vida, Billie ou Lady Day (apelido carinhoso dado pelo saxofonista Laster Young), coleciona até os dias atuais os mais fervorosos amantes do jazz, que após 62 anos de sua morte, a têm como sua clara referência de musa intocável e criadora do jazz moderno. Nascida na Filadélfia em 7 de abril de 1915 e criada em Baltimore, Billie era filha de um guitarrista de jazz, Clarence Holiday, que abandonou sua mãe, Sarah Julia Fagan, antes de seu nascimento. Ambos eram adolescentes quando Billie nasceu. Sua infância foi extremamente sofrida. Ela foi criada por uma tia que a agredia diariamente, e foi abusada sexualmente aos 10 anos por um vizinho da família. Aos 12, foi novamente violentada física e psicologicamente, quando então a encaminharam a um Lar de Proteção e Amparo a Vítimas de Violência Sexual. Após fugir e morar nas ruas, já vendia seu corpo num prostíbulo para matar a fome, e chegou até a ser presa por prostituição. Tudo isso quando era apenas uma garota. Posteriormente, começou a cantar por alguns míseros trocados. Sofreu na pele o racismo, e caiu no vício do álcool e das drogas pesadas, como ópio e heroína, por influência de suas amizades na noite. Mas foi aos 17 anos de idade que Billie foi descoberta pelo produtor musical John Harmon, com quem gravou seu primeiro disco pela gravadora CBS (atual Sony Music). A partir dali, deu vida a uma coleção de sucessos como All Of Me, Blue Moon, Good Morning Heartache, My Man, God Bless Child e inúmeros outros cantados até hoje, como o considerado "hino" Summertime, também gravado por esta musa atemporal. Billie nunca parou. Além de cantora, também era uma excelente compositora, e fazia músicas a partir de suas experiências pessoais, como por exemplo Don't Explain, que, segundo ela, foi feita após seu marido chegar em casa com marcas de batom na camisa. Assim como aconteceu com ele, também foi traída inúmeras vezes por seus outros dois maridos e alguns amantes. Mas sua tragédia pessoal e suas duras experiências de vida nunca conseguiram tirar o brilho e o atípico talento de Billie. Pelo contrário, serviram de combustível para que ela fosse considerada pelos críticos a maior diva do jazz de todos os tempos. Billie Holiday faleceu em Nova York, com problemas cardíacos e cirrose hepática, aos 44 anos. Mas seu legado certamente ficará para sempre.
Share by: